Quem é Gaules? Sem dúvida nenhuma, o streamer Gaules é um dos nomes mais respeitados da comunidade de CS (Counter-Strike) no mundo e da comunidade gamer em geral. Ele encerrou o primeiro trimestre do 2021 como o segundo mais assistido em todo o planeta e foi eleito o streamer do ano.
Assim, conforme o relatório do Stream Rachet, Gaules acumulou 38,5 milhões de horas vistas de janeiro a março. Nesse ranking, Gaules está atrás apenas do canadense Félix “xQcOW”, que conseguiu 73,2 milhões de horas.
Mas o reconhecimento do público certamente é justificado. Afinal de contas, o streamer Gaules entende do assunto.
E muitos espectadores que o acompanham nos dias atuais sequer imaginam as dificuldades que ele passou para que ele atingisse o posto que ocupa atualmente. Aos 37 anos, sua trajetória de vida é exemplo de esforço e superação.
O streamer Gaules é um apaixonado por CS
Desde adolescente, Gaules nutria uma paixão por Counter-Strike, que o motivava a acompanhar sempre que podia as partidas dos jogadores considerados “de elite” na lan house Tatuapé, em São Paulo.
O seu sonho era participar do time de CS local:
“Primeiro porque eu não tinha condições de pagar (pelas horas) e o patrocínio dos jogadores era jogar de graça enquanto não havia nenhum cliente”. Além disso, “porque queria estar no melhor time da lan house que eu frequentava”, conta ele.
Mas apesar dos insistentes pedidos para que entrasse na equipe, era sempre rejeitado. Até que a lan house decidiu montar um time “júnior” e colocou ele como líder. Embora não fosse a opção ideal, Gaules decidiu encarar aquilo como um desafio para ingressar na equipe principal.
Assim, no ano de 2001, ele teve a oportunidade de viajar com o time principal para Rio de Janeiro. Lá ele disputou a primeira seletiva da Cyberathlete Professional League no Brasil.
Quando um dos membros da equipe não apresentou um bom desempenho em uma partida decisiva, Gaules foi chamado para substituí-lo: “Nem troquei equipamentos nem nada, só sentei no computador e viramos aquela partida. Aí eu não saí mais do time”, relata ele.
Entretanto, ele ficou pouco tempo no time. A franquia de lan houses optou por escalar uma seleção, escolhendo os principais jogadores para formar somente um grupo principal e Gaules ficou de fora.
Mesmo assim, não se abalou e decidiu criar sua própria equipe: a g3nerationX.
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A equipe imbatível g3nerationX
Por uma grande ironia do destino, as duas equipes se enfrentaram no campeonato de lançamento de uma nova lan house da Monkey, a Monkey Santa Cruz. O resultado foi uma grande vitória da g3nerationX, algo que causou surpresa no público, visto que a seleção da Monkey era considerada a favorita.
Assim, com a conquista a equipe de Gaules obteve bastante notoriedade e foi vencendo vários campeonatos de forma invicta. Entre 2001 e 2003, por exemplo, eles não perderam uma partida sequer.
Entre 2004 e 2006, a g3x de Gaules ganhou campeonatos como a LatinCup (2004), a World Cyber Games Brasil (2005) e a CPL World Season 2006: Brazil.
Em 2007, Gaules se une à outra equipe, MIBR, e conquista a DreamHack Winter, um dos principais campeonatos de CS na época. Mas como estava concluindo a faculdade de Marketing, aceitou uma oferta de estágio na Samsung. Na empresa, ele ajudava a conseguir boas parcerias para torneios, equipes e jogadores de e-sports.
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Depressão e tentativa de tirar a própria vida
Em 2011, Gaules decidiu sair da empresa e montar uma produtora com o objetivo de criar vídeos para times e marcas do mercado brasileiro. Entre as principais iniciativas está a Seleção Brasileira de Games (SBG), Brazil Gaming League, a Agência X5 e a Mega Arena X5.
Porém, após um projeto mal sucedido para assessorar times, eventos e jogadores, ele ingressou em uma depressão severa.
Nesse período, ele contou com apoio de amigos para pagar o aluguel e até ter condições de se alimentar. “Foi quando eu quebrei. Acabei fazendo escolhas erradas em questão de investimento. Eu estava literalmente quebrado […] investi em coisas que não deram certo”.
Em dezembro de 2017, ele fez uma tentativa de suicídio.
Volta por cima do streamer Gaules
Mas essa situação o fez olhar a vida com uma nova perspectiva:
“Eu parei e pensei que nem aquilo (o suicídio) eu consegui fazer, então significava que tinha alguma coisa muito grande por vir. (…) Foi aí que eu resolvi transformar essa situação. Eu não tinha mais sócio, namorada, emprego, dinheiro no banco e nem lugar para morar. Foi aí que descobri que eu tinha construído uma história que não tinha preço”, conta Gaules.
E o principal alicerce para que a retomada da sua vida acontecesse foi entrar de cabeça em seu jogo preferido. Sem ter qualquer garantia, alugou um apartamento e, com seu computador e sua webcam, recorreu a seus amigos na antiga época dos e-sports para pedir ajuda.
Com o apoio dos amigos antigos da g3x, Gaules CS começou a fazer transmissões na Twitch, decidindo “streamar como quem vai morrer no dia seguinte”. Assim, ele se reinventou e renasceu ao lado dos novos e velhos fãs.
Em 2018, ele foi escolhido o maior fenômeno da Twitch brasileira pela ESPN. Daí em diante, só veio a crescer. Em 2019, rompeu a barreira de 100 mil espectadores simultâneos pela primeira vez, e hoje, conta com 3 milhões de seguidores.
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